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Saúde
Quinta - 14 de Outubro de 2004 às 09:45

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Cardiologista entregou denúncia a autoridades relatando mortes de pacientes, entre agosto e setembro.

Em denuncia protocolada no Conselho Regional de Medicina (CRM-MT), o cirurgião cardiovascular Luiz França Neto acusa a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Cuiabá de deixar pacientes morrerem em UTIs de hospitais credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS) por falta de cirurgias cardíacas. Além disso, ele diz que a administração municipal está descumprindo as normas do Ministério da Saúde para o credenciamento de hospitais nessa especialidade.

França Neto, que até pouco tempo chefiava o serviço de cirurgia cardiovascular do Hospital Santa Rosa, anexou ao documento uma lista com 10 nomes de pacientes (e o procedimento que cada um precisaria) que, conforme ele, morreram em Cuiabá entre agosto e setembro deste ano porque os procedimentos cirúrgicos necessários não foram realizados.

Autorizado a operar pelo SUS, França Neto disse que desde que o Santa Rosa foi descredenciado pela SMS para o serviço de cirurgia cardíaca, vem sendo requisitado por outros hospitais para acompanhar pacientes cardíacos em UTIs. “Vou até lá, vejo o paciente, constato que precisa da cirurgia mas o hospital onde está internado não têm condições de fazê-la”, reclamou ele.

“Sei que essa é uma denúncia grave, mas tenho provas”, destacou França Neto. E foi pelo fato de ter como comprovar, diz, que decidiu levar a denúncia ao conhecimento das autoridades de saúde e da política como CRM-MT, Ministério da Saúde, Ouvidoria do SUS em Brasília, gabinete do governador Blário Maggi, secretário estadual de Saúde Marcos Machado e às bancadas de Mato Grosso no Senado e Câmara Federal.

Sem citar os nomes das instituições, Luiz França Neto disse que os dois hospitais credenciados pela SMS para cirurgia cardíaca não cumprem todas as exigências da norma 163/2003. Ou seja, se têm o médico com os títulos de especialidades obrigatórios, faltam meios para diagnóstico ou vice-versa.

De acordo com França Neto, por isso dentro do Hospital Rosa continuam sendo feitos, através de uma empresa terceirizada, diagnósticos para cirurgia cardíaca. “Fazem o exame, comprovam a necessidade da operação e transferem o paciente para uma UTI, onde ficam e morrem à espera da cirurgia”, denunciou ele. “Nem deveriam fazer o diagnóstico se não vão operar”, completou.

França Neto reforçou que não está denunciando e tampouco se posicionando contra médicos ou hospitais, mas a gestão do SUS em Cuiabá. Ele acha que o que vem acontecendo na SMS da capital não está correto e quem sofre com isso são os pacientes pobres e seus familiares, que não podem pagar um plano de saúde.

O cirurgião cardíaco diz que fez essa denúncia se colocando na condição de um usuário do SUS, cidadão este que pela lei tem direito a um atendimento digno no serviço público de saúde. A expectativa de França Neto é que a ouvidoria do SUS, o CRM e demais autoridades apurem as denúncias.




Fonte: Diário de Cuiabá

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