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Saúde
Segunda - 16 de Agosto de 2004 às 11:45
Por: JESIEL PINTO

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Pessoas com problemas de obesidade podem ter vários problemas de saúde. Esses problemas podem ir de respiração comprometida à pressão arterial desequilibrada passando por um coração sobrecarregado e, portanto, com risco de ter um ataque cardíaco. O endocrinologista Marcelo Maia Pinheiro, um dos três médicos que atendem no SREO - Serviço de Referencia Estadual de Obesidade da Ses - Secretaria de Estado de Saúde, disse que "quando procuram cuidados médicos esses pacientes querem, muitas vezes, uma solução mágica para o problema. Na cabeça de muitos obesos, a solução mágica que procuram é a operação bariátrica".

Mas o especialista disse que nem sempre essa é a solução mais recomendada. "A operação bariátrica, ou operação de diminuição do estomago, como é conhecida comumente, é um procedimento médico invasivo e, como todo procedimento desse tipo, envolve risco de vida", esclareceu.

Por esse motivo é que o SREO, em sua triagem para ver quem realmente necessita da operação e quem não, apresenta vários outros procedimentos para combater a obesidade. "Muitas vezes", explicou Marcelo Pinheiro, "um programa de reeducação alimentar é mais recomendável e menos perigoso do que uma intervenção cirúrgica".

Tão comum quanto a busca de uma solução mágica para o problema de obesidade pelo qual passa o paciente obeso são a pressa e a falta de conhecimento sobre o problema

Marcelo Pinheiro disse que existe um prazo para que o tratamento de obesidade mórbida comece a dar resultado. "São necessários de seis meses a um ano para que os níveis de massa corporal desçam a um patamar aceitável pela medicina e esse tempo parece muito para a maioria dos pacientes e faz com que eles desconsiderem o risco de uma operação", esclareceu o endocrinologista.

Essa falta de cuidado começa com o desconhecimento do que é obesidade mórbida, o único tipo de obesidade tratada pelo SUS. Marcelo Pinheiro indicou até a fórmula matemática usada para se verificar se a pessoa tem ou não obesidade mórbida: P:A2=IMC, onde P é o peso do obeso, A2 é a altura do obeso elevada ao quadrado e IMC é o Índice de Massa Corporal da pessoa. Para que esse índice possa ser cuidado pelo SUS ele precisa ser de, no mínimo, 30.

O endocrinologista do SREO disse que as despesas extra-atendimento são outro empecilho enfrentado pelo obeso e isso tanto no caso do tratamento com reeducação alimentar quanto no caso de operação. "Mas a reeducação alimentar, embora mais demorada, pode ser feita mesmo por pessoas que tenham poucos recursos", afirmou o médico. "Quem come feijão com arroz, legume e carne de vez em quando, ou ovo frito, também pode fazer um regime". Marcelo Pinheiro lembrou que reeducação alimentar passa mais pela redução da quantidade do alimento ingerido. O mesmo não acontece com o pós-operatório bariátrico. "A pessoa que opera passa o resto da vida tomando remédios, caros, para monitorar o resultado da operação", explicou.

A diretora geral do Cermac - Centro Estadual de Referencias de Média e Alta Complexidade, Maria Conceição Villa, explicou que está entrando em pactuação para minimizar os custos enfrentados pelo usuário do SUS no que tange à aquisição de remédios, que são especiais. Mas ainda sobram, para o usuário do SUS, os gastos com alimentação que, tanto no caso de fazer dieta de reeducação alimentar quanto no caso da própria operação bariátrica, precisa ser especial.

Marcelo Maia ressaltou que essas informações não estão sendo apresentadas ao público para deixa-lo desanimado quanto ao tratamento da obesidade mórbida oferecido pelo SUS. "Muito pelo contrário", explicou. "O que queremos é que os que sofrem de obesidade mórbida saibam que é nosso interesse oferecer o melhor e mais seguro tratamento dessa doença, pois é isso que a obesidade mórbida é, e ajudá-los a poder viver de uma maneira que estenda ao máximo sua média de vida".




Fonte: Ses-MT

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