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Saúde
Segunda - 09 de Agosto de 2004 às 16:34
Por: Angela Fogaça

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Nos tempos de hoje não existe possibilidade de se falar de uma boa educação infantil sem se falar da existência de uma família constituída e administrada em termos de limites e fronteiras. Famílias são sistemas sociais que devem funcionar à semelhança de empresas, em que cada um tem seu papel bem definido. Assim como nas empresas é necessário o estabelecimento de metas e objetivos para sobreviver no mercado, a família também necessita definir regras, limites e fronteiras, para manter-se como base, suporte e referencia de valores para seus membros.

O professor da Faculdade de Ciências Médicas da UFMT, e Mestre em Pediatria e Especialista em Terapia Intensiva Pediátrica, Manoel Bomdespacho do Nascimento, afirmou ao Só Notícias que "Homem e a mulher quando se casam constituem uma nova família, e, a partir daí estabelecem suas novas regras de convivência. É evidente que a tradição os valores familiares e culturais permeiam estas novas regras e fronteiras que estão se definindo".

Segundo ele, quando ocorre a gravidez e o nascimento de um filho, novas regras e fronteiras precisam ser estabelecidas, sem as quais a nova família, com um novo membro, não sobreviverá sem atritos. O médico destaca que no contexto familiar constituído por mãe pais e filhos é inegável o estabelecimento de níveis de hierarquia, como nas empresas, cabendo valor inegável a figura paterna, encarnando a autoridade, porém jamais representando o autoritarismo. Assim também é inegável o papel da mãe representando o carinho e o afago, bem como a depositária das emoções.

"Aos filhos, cabe desenvolver-se neste sistema de regras e valores, obedecendo-as, devendo-lhes respeito, bem como sendo respeitados, porém tendo pouca decisão no estabelecimento das fronteiras pelo menos até os 10 anos de idade. Afirmo aqui que criança tem vontade própria sim, porém não tem livre arbítrio e tem pouco discernimento sobre o que é certo ou errado para o seu desenvolvimento", ressaltou ele.

Ele defende que cada membro do sistema familiar deve exercer ao máximo seu papel, caso um dos membros não exerça, ocorrem problemas com certeza. Caso o pai não exerça sua função de autoridade, a mãe pode exercê-lo. Porém, quem será o responsável pelo afago, pelo carinho e pelas labilidades de humor? Caso a mãe não assuma suas funções o pai pode exercê-las. Porém, quem será o responsável pela razão, pela autoridade, pelo respeito? Existem vários casos em que um só membro da família exerce os dois papeis com algum sucesso, porém, a um custo pessoal muito alto.

“Criei três filhos praticamente sozinha, com o pai presente em casa, porém, ausente na vida dos filhos”, afirma, M.G, auxiliar de laboratório. Segundo seu relato o que a ajudou foram os ensinamentos e orientações da igreja que freqüenta. Pagou, porém, um preço muito alto, tendo sido acometida de depressão grave, doença que a acompanha até hoje.

Este equilíbrio razão-emoção é uma bússola fundamental e necessária ao desenvolvimento saudável do ser humano. O não estabelecimento de "fronteiras" na educação gera graves consequências. "Como em uma empresa, em que não há regras, não há limites, as famílias sucumbem e todos perdem; perdem como perdem os países em que não há fronteiras ou estas não são claras e definidas", disse o médico.

Ele afirma que os produtos de famílias sem regras, limites e fronteiras são crianças, jovens e adultos em que há predomínio ou da razão ou da emoção. "Se predominar a autoridade, sem o contrabalanço do carinho, do contato físico, do afago, teremos pessoas com muito senso de razão, porém com dificuldades no relacionamento social, no contato físico, no dar e aceitar carinho, enfim com dificuldades de relacionamento afetivo. Se predominar o carinho, o afago, o contato físico, teremos pessoas imaturas emocionalmente, dependentes afetivos, com zelo excelente pelo outro, porém com um mínimo senso de razão de conseqüência de seus atos, enfim, inconseqüentes", frisa.

Todas estas conseqüências são previsíveis quando a função paterna, ou materna não são devidamente exercidas dentro da estrutura familiar. Estabelecidas estas fronteiras são necessárias sustenta-las a todo custo, respeitando as varias etapas de crescimento físico e emocional das crianças. Assim, até os dez anos, as regras como ir a escola, executar tarefa, cuidar da higiene, respeitar o outros, evitar desconhecidos e cumprir com pequenas responsabilidades dentro de casa, devem ser estabelecidas sem muita discussão entre pais e filhos, e monitoradas pelos pais e com o casal sustentando a palavra do outro.

No inicio da adolescência, com cerca de dez anos, é necessário estabelecer novas regras respeitando a argumentação bem consolidada do adolescente que está em desenvolvimento e caminhando para a idade adulta. Porém regras como horário de chegada, companhias e lugares freqüentados precisam ser conhecidos e monitorados pelos pais. "Seguindo esses princípios gerais dentro da intimidade de cada sistema familiar, com certeza teremos crianças jovens e adultos mentalmente sadios", concluiu ele.




Fonte: Só Notícias

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