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Meio Ambiente
Segunda - 07 de Junho de 2004 às 15:45
Por: Caroline Rodrigues

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A abertura de estradas é esperada pelas comunidades, sendo considerada sinônimo de progresso e desenvolvimento. No entanto, a elaboração de um projeto sem a inclusão de estudos e ações para a preservação ambiental, das áreas de entorno, pode transformar a construção em um desastre ecológico. “Os impactos ambientais atingem 150 Km dos dois lados da estrada”, afirmou a bióloga e mestre em ecologia Marcia Molter Volper.

A dualidade entre progresso e preservação do meio ambiente foi discutida na programação da semana do Meio Ambiente, realizada na Secretaria de Estado de Infra-estrutura (Sinfra), na segunda-feira (07.06), durante o período da manhã. O evento foi promovido pela Assessoria de Meio Ambiente e Associação de Engenheiros, ambos da Sinfra.

Hoje, os 16 principais biomas do mundo gastam US$ 33 milhões de dólares por ano tentando solucionar problemas ambientais que poderiam ser evitados. A estimativa leva em consideração investimentos em regulação hídrica, de gases e de distúrbios físicos. Também foram considerados o controle de erosão, o tratamento de detritos e o controle biológico de áreas degradadas.

Para evitar futuros gastos, é necessário se ter projetos e ações para a redução de impactos ambientais.

Um dos principais problemas levantado pelos palestrantes foi o tratamento das áreas do borda. “Quando a estrada é aberta, a floresta e os animais que vivem nas bordas passam a viver em constante estresse”, declarou Marcia Volper.

A mestre explica que o local é tomado por uma luminosidade excessiva, bem como o superaquecimento das bordas. A conseqüência da mudança é a extinção de algumas espécies de árvores, e a invasão de outras, como as gramíneas e imbaúbas.

No que diz respeito aos animais, a situação pode se complicar. Algumas espécies não conseguem transpor a estrada e as linhas de transmissão, ficando isolados. Parte muda para um novo local, e o restante fica sujeito ao atropelamento na estrada.

As estradas pavimentadas são as que apresentam o maior índice de acidentes causados por atropelamento de animais. Esse é um dos motivos das discussões sobre a pavimentação da Transpantaneira. Em áreas de risco, cerca de 30% dos acidentes são causados por atropelamento. O número leva em consideração espécies silvestres e domésticas.

O risco aumenta de acordo com a velocidade do veículo. Segundo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da Transpanteneira, a 70 Km por hora, a possibilidade de atropelamento é 8%. A 80 km, o risco é de 28% e a 100 Km, o condutor tem 80% de possibilidade de cometer um acidente por atropelamento.

Um estudo realizado na estrada que liga Campos de Júlio à Sapezal, pela bióloga e mestre em Meio Ambiente, Márcia Volpe, mostra que as espécies que vivem no entorno das estradas também constroem um novo ciclo alimentar.

Os grãos que caem dos caminhões nas margens das estradas atraem pássaros e pequenos roedores. Seguindo o ciclo, as cobras e predadores seguem o mesmo caminho, traçando assim uma nova rotina alimentar, que aumenta a possibilidade de atropelamento das espécies, e interfere no habitat natural.

SOLUÇÕES – As ações necessárias para evitar acidentes nas estradas vão de campanhas educativas a construção de ecodutos. A implantação de placas de sinalização, bem como a redução do limite de velocidade em áreas de risco, pode reduzir os acidentes.

Um dos exemplos utilizados pela mestre foi a estrada para a Chapada dos Guimarães, MT-251, que apresenta placas de sinalização da passagem de animais. “Além das ações educativas, é necessário que haja o policiamento e monitoração da velocidade no local”, acrescentou Marcia Volpe.

Outra solução é a construção de passagens para os animais. Essa opção requer recurso, e pode ser a colocação de telas com dutos de passagem, ou a construção de grandiosos ecodutos e pontes ecológicas.




Fonte: Secom-MT

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