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Politica Brasil
Sábado - 01 de Maio de 2004 às 11:53
Por: João Carlos Caldeira

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O número de assassinatos registrados em Mato Grosso aumentou 442% durante a década de 90. Somente no ano de 2000, foram 990 jovens, do sexo masculino, com idade entre 15 a 24 anos, assassinados com armas de fogo.

Entre os dias 10 a 20 de Agosto deste ano, a Orquestra de Flautas do Jardim Vitória estará se apresentando no 20º Encontro Internacional de Orquestras Infanto-Juvenis na cidade de Brive-la-Gairllade, na belíssima região de Bordeaux, na França. De acordo com as informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, Mato Grosso ocupa o 6º lugar no ranking dos estados que registraram o maior índice de assassinatos entre jovens, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, São Paulo e Distrito Federal.

Nas apresentações da Orquestra de Flautas do Jardim Vitória, serão mostradas pérolas da MPB e músicas eruditas. Além disso, o grupo de 42 crianças, juntamente com uma educadora, um intérprete e o maestro Gilberto Mendes, farão um turismo educacional em Paris, durante dois dias.

O fato de Mato Grosso ter quadruplicado o número de homicídios em uma década, revela o quadro dramático e cruel da falta de oportunidades, de educação e investimentos sociais na infância e juventude neste estado, principalmente nos grandes centros.

A história da Orquestra começou em 1998, quando o maestro Gilberto Mendes foi procurado pela Secretaria de Educação de Cuiabá para montar um projeto social para o bairro Jardim Vitória, um dos mais pobres e carentes da capital. Porque um estado que é o maior produtor de soja e algodão do país, cuja economia cresce a taxa média de 8% ao ano, exemplo e modelo de produtividade e crescimento no agronegócio, tem uma das taxas mais altas de homicídio infantil do Brasil?

Fundada no ano de 1998, a Orquestra de Flautas do Jardim Vitória, já coleciona vários títulos e apresentações de expressão nacional. Em 2000, foi tema de um documentário enviado a todo país e no ano seguinte, estava entre os 30 projetos de experiência social selecionado pela Unesco e publicado num livro chamado Cultivando Vida, Desarmando Violência.

Esses são os contrates sociais de Mato Grosso, espelho fidedigno da brutal diferença social e da má distribuição de renda que existe em todo país (até mesmo em estados em crescimento e expansão, como o nosso).

O exemplo da Orquestra, do maestro Gilberto Mendes, da Secretaria de Educação de Cuiabá e de todos os parceiros e patrocinadores do projeto, são vitais e indispensáveis para ao menos, diminuir a profundidade do abismo social e dos problemas da violência infantil em Mato Grosso.

“A essência é que através da música, promovemos a inclusão social de meninos e meninas carentes, é um agente transformador na sociedade. Em seis meses conseguimos fazer uma pessoa ler partitura e tocar bem, e quando a gente fala em abrir novas vagas, no mesmo dia as inscrições já são todas preenchidas”, afirma o maestro.

Que outras orquestras, que outros projetos de história, arte, cultura, meio ambiente e preservação, façam de Mato Grosso um estado uno, forte, menos violente e mais justo!

João Carlos Caldeira

Empresário, jornalista, especialista em administração de turismo, hotelaria e lazer. E-mail: joaocmc@terra.com.br




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