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Educação/Vestibular
Domingo - 25 de Abril de 2004 às 09:16

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Pelo conceito da Unesco, o órgão das Nações Unidas voltado para a educação, o analfabeto funcional é aquela pessoa que mal sabe ler e escrever, com menos de quatro anos de estudos e que não consolidou o aprendizado nas três primeiras séries. Regressa, facilmente, à condição de iletrado. Na Bahia, de uma população de 7.607.848 habitantes maiores de 15 anos, 40,8% são analfabetos funcionais.

Os dados foram revelados esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e publicados na Sinopse de Indicadores Sociais 2003.

Nesta condição de analfabeta, Valdenice Cerqueira Nascimento (nome fictício), 29 anos, moradora da Via Regional, no Novo Marotinho, não quer se identificar, porque tem vergonha de assumir suas limitações em relação às letras.

Pelos números do IBGE, a Bahia é o quinto Estado com maior percentual de pessoas nessas condições, estando em melhor condição apenas de Alagoas, Piauí, Maranhão e Paraíba. "Sei ler o letreiro de um ônibus, assino o meu nome, mas não sei fazer contas. Não quero que me chamem de burra", diz Valdenice. Ela tem uma filha de 12 anos, que está na 2ª série do ensino fundamental, a quem a mãe não pode ajudar nas tarefas escolares. "Não sei. Fazer o quê?. Peço às coleguinhas que ajudem", disse.

Além dos analfabetos funcionais, aqueles que sequer sabem ler e escrever representavam, no ano passado, 21,7% da população maior de 15 anos no Estado. Aí a Bahia aparece em 7º lugar, melhor apenas que Alagoas, Piauí, Paraíba, Maranhão, Rio Grande do Norte e Ceará. A maioria dos casos dos alunos que, mesmo tendo cursado algumas séries, mal sabem ler e escrever, reflete no quadro geral de repetência e evasão escolar.

No ano passado, o Ministério da Educação divulgou uma estatística em que mostrava que de cada dez alunos matriculados no ensino fundamental (1ª à 8ª séries), dois repetiram o ano. A repetência, que na Bahia atingiu 17,8% na rede estadual de ensino, nas séries do ensino fundamental, também está diretamente ligada à evasão escolar. O problema maior é na primeira série, diz os dados do MEC, onde três de cada dez alunos matriculados têm que repetir o ano letivo.

Em um outro estudo, Sinopse da Educação Básica 2002, divulgado este ano, o MEC revelou que os alunos do curso noturno representam 9,6% do total de matrículas no ensino fundamental no País, mas equivalem a 36% do total de evasão escolar. É o caso de Vera Lúcia Santos Lima, 17 anos, do Loteamento Creche, em Castelo Branco, que repete pela terceira vez a 6ª série, no turno da noite. "Não aprendo nada mesmo", diz com naturalidade.

Conforme a Unesco, uma pessoa alfabetizada é capaz de fazer o mínimo das quatro operações matemática, sabe ler textos básicos e assinar corretamente o nome.




Fonte: JB Online

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