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Saúde
Quarta - 21 de Janeiro de 2015 às 08:18

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Mais da metade dos partos realizados em Mato Grosso no ano de 2014 foi feita por cesárea. Dos 51.229 nascimentos registrados no estado no ano passado, 62% foram por meio de cirurgia, ou seja, 31.730 casos. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que esse índice seja de no máximo 15%. No estado, a maior parte das cesáreas foi feita na rede particular (62,6%). Os dados são do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos da Secretaria de Saúde de Mato Grosso (Sinasc/SES) e foram divulgados nesta terça-feira (20).

De acordo com os dados, a quantidade de cesáreas no estado aumentou em 2014 na comparação com o ano anterior. Dos 52.992 nascimentos registrados, 32.173 (60,7%) foram feitos por meio da intervenção cirúrgica. Estima-se que a cesariana, quando feita sem indicação médica, pode aumentar em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o bebê e triplicar o risco de morte da mãe.

O levantamento mostra ainda que, dos 19.499 partos normais realizados no estado no ano passado, 16.268 foram pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na rede particular, foram 3.231.

Movimento Parto Humanizado
A enfermeira e doula Damaris Figueiredo, 34, ativista do Movimento Parto Humanizado Cuiabá, defende que as mulheres tenham acesso a informação antes de escolherem o tipo de parto. "Muitas vezes a mulher quer o normal, mas acaba convencida a fazer a cirurgia por falta de conhecimento. E existem os medos: de achar que não vai dar conta, de sentir dor. Mas a mulher pode optar pela analgesia, por exemplo", disse.

Damaris afirma não ser contra o parto cesárea e reconhece que há casos em que a interferência cirúrgica é inevitável. "Em algumas situações tem que ser feito, pelo bem da mãe e do bebê. E nesses casos, nós defendemos que seja feito. O que não pode acontecer é que estamos diante de uma indústria do nascimento [por meio de cirurgia]", pontuou.

Para a enfermeira, há muita coisa boa sobre o parto normal que as pessoas não sabem. "Nem só de dor se faz um parto. É mais saudável tanto para a mãe quanto para o filho. E é um momento único da mulher e do bebê, no qual o recém-nascido raramente precisa ir pra UTI [Unidade de Terapia Intensiva], mesmo que nasça prematuro", disse.

Ela diz acreditar que há várias explicações para o alto índice de cesáreas, como a questão cultural ("Muitas mulheres já tiveram partos difíceis por terem sofrido violência obstétrica"), o suposto dano à vida sexual da mulher, e achar que é uma dor dilacerante. E haveria também a escassez de médicos na rede privada dispostos a fazer mais partos normais.

"Muitos se sentem desestimulados. A remuneração é baixa. E pra realizar o parto, eles precisam, muitas vezes, desmarcar consultas para isso. Acaba ficando uma coisa onerosa. É muito mais prático marcar datas na agenda, se programar pra que naquele determinado dia seja feita uma cesárea", opinou.

Incentivo ao parto normal
Em janeiro, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou uma resolução estabelecendo normas para estimular o parto normal, reduzindo, assim, a quantidade de cesarianas desnecessárias na rede particular. Pelas regras, as mulheres poderão pedir às operadoras do plano de saúde a quantidade de cesáreas e partos normais por hospital e por médico.





Fonte: Do G1 MT

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