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Saúde
Quarta - 02 de Agosto de 2017 às 09:55
Por: Veja.com

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Dois novos estudos sugerem que ao bloquear a apreensão de novas informações, o álcool contribui para a consolidação de acontecimentos anteriores ao seu consumo. (iStockphoto/Getty Images)
Dois novos estudos sugerem que ao bloquear a apreensão de novas informações, o álcool contribui para a consolidação de acontecimentos anteriores ao seu consumo. (iStockphoto/Getty Images)

Beber para esquecer pode não ser tão a melhor estratégia, pelo contrário. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, sugere que o álcool, quando consumido depois de um acontecimento, ajuda a registrá-lo na memória. Isso porque ao bloquear a apreensão de novas informações, a substância dá ao cérebro a possibilidade de transformar o episódio em memória de longo prazo.


A pesquisa

Para examinar os efeitos do consumo do álcool na memória, os pesquisadores dividiram os participantes, que bebiam apenas socialmente, em dois grupos: após serem submetidos a um teste no qual deveriam aprender palavras novas, os integrantes do primeiro grupo podiam beber o quanto quisessem, enquanto os do segundo não receberam nenhuma bebida alcoólica.


No dia seguinte, ao serem questionados se lembravam do que haviam aprendido no dia anterior, o grupo que consumiu as bebidas se saiu melhor. “Nossa pesquisa não só mostrou que aqueles que beberam álcool melhoraram ao repetir a tarefa de aprendizagem de palavras como esse efeito foi mais forte entre aqueles que beberam mais”, disse Celia Morgan, principal autora do estudo, ao tabloide britânico Daily Mail.

Bloqueio de novas informações

“As causas desse efeito não são totalmente compreendidas, mas a principal explicação é que o álcool bloqueia a aprendizagem de novas informações e, portanto, o cérebro tem mais recursos disponíveis para estabelecer informações recentes na memória de longo prazo. A teoria é que o hipocampo, área do cérebro realmente importante na memória, inverte sua posição, transferindo essas informações para memórias duradouras.”, explicou a cientista.

Apesar do resultado, os pesquisadores ressaltam que é preciso considerar os efeitos negativos do consumo excessivo do álcool, tanto para a saúde mental quanto a física.

Beber para lembrar

Outro estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Caledônia de Glasgow e da Universidade London South Bank, ambas no Reino Unido, descobriu que o álcool, quando consumido após testemunhar um crime, também poderia ‘proteger a memória’ da testemunha contra informações enganosas.

No estudo, os voluntários assistiram a um vídeo de uma simulação de furto, em que um homem e uma mulher invadiam uma casa e roubavam joias, dinheiro e um laptop. Depois de assistirem ao filme, os participantes foram divididos em três grupos. Os membros do primeiro grupo consumiram álcool, cientes disso. Enquanto isso, o segundo grupo, que acreditava ser o ‘sem álcool’, recebeu doses de bebida sem saber do conteúdo alcoólico. Já o terceiro, ingeriu bebidas não-alcoólicas.


Depois dos ‘drinks’, os participantes receberam informações falsas sobre o crime. Os pesquisadores sugeriram, por exemplo, que o casaco da vítima era verde em vez de azul e que o cabelo do ladrão era castanho em vez de preto. No dia seguinte, a memória deles foi testada e os resultados mostraram que a maioria daqueles que não consumiu álcool se lembrou mais das informações incorretas, enquanto os o haviam ingerido, sabendo disso ou não, lembraram mais das corretas.

Para os cientistas, isso deve-se ao bloqueio que o álcool causa na recepção de novas informações, inclusive as que podem confundir, sendo menos provável que cause um impacto negativo no que foi testemunhado.





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