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Saúde
Quinta - 02 de Setembro de 2021 às 22:25
Por: Joanice de Deus/Diário de Cuiabá

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Fumaça ampliou em até 24% riscos de internação por Covid-19 e outras doenças respiratórias em MT
Fumaça ampliou em até 24% riscos de internação por Covid-19 e outras doenças respiratórias em MT

Em meio a pandemia do coronavírus, os incêndios florestais ou queimadas por desmatamento na Amazônia Legal, em 2020, expuseram os moradores de Mato Grosso a grandes quantidades de poluentes tóxicos à saúde humana e ampliaram o risco de agravamento dos pacientes com Covid-19 e outras síndromes respiratórias agudas graves (SRAG).

No Estado, Amazonas, Acre, Rondônia e no Pará, a fumaça esteve relacionada a um aumento de 18% nas internações pela infecção causada pelo Sars-CoV-2 (coronavírus) e de 24% em internações por SRAG. Os moradores dos municípios pantaneiros de Cáceres e Poconé, distantes 225 km e 104 km respectivamente de Cuiabá, estão entre os mais afetados até porque o Pantanal foi um dos biomas mais devastados pelos incêndios, em 2020, um cenário que se repete neste período de estiagem de 2021.

Os dados fazem parte de uma pesquisa realizada pelo Observatório Clima e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), ligado a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a InfoAmazônia e a Universidade Federal do Acre. Também integram o projeto “Engolindo Fumaça”, um estudo dos impactos da poluição decorrente das queimadas amazônicas durante a pandemia de Covid-19.

Segundo o levantamento, em 2020, a combinação entre a pandemia de Covid-19 e um dos ciclos mais severos de queimadas e desmatamento da Amazônia brasileira fez com que moradores de regiões atingidas pelo fogo estivessem mais expostos também ao risco de agravamento de pacientes com Covid-19.

Isso porque a fumaça das queimadas tem compostos tóxicos como monóxido de carbono, dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio, além de materiais particulados (PM 2.5), com alta capacidade de dispersão, o que faz com que a fuligem possa chegar a locais distantes dos focos de incêndio. A fumaça costuma afetar, principalmente, as crianças e idosos, neste último caso grupos de risco para a Covid-19.

De acordo com informações da Fiocruz, os resultados obtidos até o momento, a cada dia de exposição ao material particulado acima do patamar considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o risco de uma pessoa infectada pelo coronavírus ser internada aumentava em 2%.

Em Mato Grosso, municípios como Poconé e Cáceres, por exemplo, apresentaram mais de 80% de chances de dar entrada no hospital por complicações da Covid-19 e 115% considerando todas as síndromes respiratórias. Os moradores de Rondônia também estão entre os mais afetados, havendo aumento em 66% as chances de dar entrada no hospital por complicações da Covid-19 e 92% por síndromes respiratórias.

“Todos os anos, a população da Amazônia vê a paisagem mudar por causa da grande quantidade de fumaça que circula na época das queimadas – de julho a outubro, com pico entre agosto e setembro. Junto da fumaça visível nos céus dos municípios, fragmentos muito finos, com menos de 2.5 µm (micron) de diâmetro, muito menores do que a espessura de um fio de cabelo, também vão ter efeitos deletérios sobre a saúde de todos. Essas pequenas partículas imperceptíveis a olho nu podem ser detectadas pelos sistemas ópticos dos satélites desde o espaço”, apontou.

A análise do InfoAmazonia processou as diversas estimativas por dia para chegar na concentração média diária de material particulado fino (PM 2.5) para todos os municípios da região. E, a partir dessas concentrações diárias, calculou as médias por mês, por período e a quantidade de dias acima do limite recomendado em toda a região. No Estado, foi de 10,76.

Para a Fiocruz, os resultados obtidos mostram a urgência na adoção de medidas de controle das ações de desmatamento e queimadas florestais no país, além de contemplar este aspecto na resposta à pandemia de Covid-19. Além disso, os municípios mais afetados, em diferentes estados, indicam a expansão do arco do desmatamento”, apontam os pesquisadores.





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URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/446117/visualizar/