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Ciência/Pesquisa
Quinta - 12 de Junho de 2025 às 12:01
Por: Pietra Nóbrega/Mídia News

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Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) descobriram em Chapada dos Guimarães fósseis de dinossauros em estado excepcional de preservação, incluindo ossos articulados e semi-articulados — uma raridade para a paleontologia brasileira.

É uma das melhores ocorrências do Cretáceo Superior no Brasil. Isso atrai pesquisadores e projetos internacionais

O geólogo Rogério Rubert, professor da UFMT há oito anos e um dos coordenadores da pesquisa, revelou detalhes exclusivos sobre a descoberta ao MidiaNews.

Segundo o pesquisador, os fósseis podem pertencer a pelo menos dois dinossauros diferentes: um terópode (carnívoro bípede) e um saurópode (herbívoro de pescoço longo) semelhante aos Titanossauros que habitaram a região há milhões de anos. Há ainda indícios de um terceiro animal, ainda não identificado.

"É o fóssil mais completo de Mato Grosso e possivelmente do Cretáceo Superior no Brasil", afirmou. O Cretáceo Superior é a segunda e última metade do Período Cretáceo, que compreende os últimos 100 milhões de anos (aproximadamente entre 100,5 e 66 milhões de anos atrás).


"Sabemos que é um terópode, possivelmente um abelissaurídeo, um bípede com braços curtos e crânio estreito, parecido com o Carnotaurus, mas talvez um pouco menor", disse.

Também foram encontrados fragmentos de um saurópode, dinossauro gigante de pescoço longo, comum no Cretáceo Superior no Brasil.

Rubert não esconde o entusiasmo:"É muito raro encontrar fósseis assim. A maioria dos achados são ossos isolados. Quando encontramos ossos articulados ou muito próximos, conseguimos descrever com muito mais detalhes os animais enterrados."

"De maneira geral, são encontradas peças isoladas de um possível esqueleto, como um fêmur, uma costela ou parte da bacia. E é uma das primeiras vezes, em muito tempo, que se encontra um conjunto de materiais atribuídos a um indivíduo, com muitas partes do crânio e pós-crânio, além de outras peças que devem ser de um ou dois indivíduos de espécies diferentes, todas no mesmo local, aglomeradas", disse.

O material foi encontrado no Distrito de Água Fria, em um sítio conhecido pelos pesquisadores desde 2018. A descoberta, no entanto, só ganhou forma após escavações minuciosas.

Rubert estava presente no momento da descoberta e descreveu a sensação. "Fui um dos primeiros a encontrar indícios em 2018. É uma satisfação contribuir com a ciência, com dados para a história evolutiva do planeta, e colocar Mato Grosso no circuito nacional e internacional da paleontologia de vertebrados", disse.

ossos de dinossauros

Um dos fósseis econtrados pelos pesquisadores

O desafio da escavação

O processo de retirada dos fósseis exige técnicas especializadas para evitar danos.

“Geralmente começamos encontrando pequenos fragmentos pela erosão. A partir deles, fazemos escavações com ferramentas manuais, como pás e picaretas, e, quando chegamos perto dos fósseis, usamos pincéis e ferramentas de dentista para limpeza mais delicada", explicou Rubert.

"Quando temos um aglomerado maior de fósseis, fazemos pacotes com bandagens de gesso ao redor, escavamos e retiramos o bloco inteiro para levar ao laboratório. Lá, com ferramentas mais precisas e tempo, limpamos e reconstituímos o material, usando colas e produtos que reforçam a estrutura do fóssil sem danificá-lo".

Algumas peças levam horas para serem retiradas, enquanto outras dias, devido à complexidade e fragilidade.

Idade dos fósseis

A datação foi estimada com base em rochas vulcânicas próximas ao sítio.

"Temos rochas vulcânicas de cerca de 84 milhões de anos. Os fósseis são um pouco mais novos, talvez entre 82 e 80 milhões. Não temos uma datação absoluta, mas uma datação relativa pela relação de campo com essas rochas vulcânicas", afirma.

A descoberta tem grande relevância científica. "O melhor conhecimento de uma etapa evolutiva do planeta, principalmente para essa região, e em especial pela qualidade desse fóssil, do Terópode. Isso vai ser muito importante para a reconstituição, para a evolução, para a filogenia, ou seja, a classificação e as relações de parentesco com outros similares no Brasil e na América do Sul", destaca.

"É uma das melhores ocorrências do Cretáceo Superior no Brasil. Isso atrai pesquisadores e projetos internacionais", destaca Rubert.

Próximos passos

Rubert adianta que os trabalhos continuarão. “A equipe espera expandir as pesquisas para outras áreas de Mato Grosso com potencial paleontológico. "Temos crocodilos da mesma idade no extremo nordeste do Estado, fósseis na região de Guirantinga e outras áreas que precisam de mais estudos. Tudo depende de recursos financeiros e humanos", concluiu Rubert.

ossos de dinossauros


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ossos de dinossauros





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