Golpe do falso consórcio faz mais de 100 vítimas em Cuiabá Esquema de falso consórcio movimentava R$ 1 milhão por mês; polícia já prendeu um suspeito e procura outros três
O sonho da casa própria se transformou em pesadelo para dezenas de famílias em Cuiabá. Uma técnica de enfermagem perdeu R$ 9 mil ao acreditar que estava pagando a entrada de um financiamento, mas acabou descobrindo que havia caído em um golpe de falso consórcio.
“Juntei nove mil reais achando que estava financiando uma casa… mas era um golpe. Foi muito doloroso perder tudo assim”, contou Gonçalina de Andrade, vítima da quadrilha.
Alvos de operação contra golpes da casa própriaComo funcionava o golpe
De acordo com a Polícia Civil, os criminosos anunciavam imóveis na internet, com preços atrativos e facilidades de pagamento. As vítimas eram atendidas em salas comerciais alugadas, onde empresas de fachada davam aparência de legalidade ao negócio.
Após receber o dinheiro da suposta entrada, o grupo contratava um consórcio em nome da vítima, sem autorização, usando os dados pessoais fornecidos. Em seguida, continuava enganando os clientes, prometendo que em até 90 dias o crédito seria liberado para a compra do imóvel.
Segundo o delegado Rogério Ferreira, a fraude era sofisticada. “Eles acessavam o site da Caixa com os dados do cliente e contratavam um consórcio como se fossem representantes. Mas a Caixa confirmou que essas empresas nunca tiveram vínculo com o banco”.
Além de citar a Caixa Econômica, os golpistas também se passavam por representantes de empresas consolidadas no mercado, enganando consumidores que buscavam instituições conhecidas.
Criminosos anunciavam imóveis na internet, com preços atrativos e facilidades de pagamentoAtuação em outros estados
As investigações mostram que a quadrilha era formada por uma família e movimentava cerca de R$ 1 milhão por mês. Só em Cuiabá, mais de 100 pessoas foram enganadas.
O golpe se espalhou para outros estados, como Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina e Amapá, onde o Ministério Público registrou 64 denúncias.
O principal suspeito, Lucas Gabriel Uliano, foi preso no mês passado. Ele se passava por corretor de imóveis e vendia casas e apartamentos que não existiam. Já a ex-mulher, Ayla Tamires Soares Cruz, o irmão, Claudiomiro Uliano Júnior, e a esposa de Claudiomiro, Juliane Vitória Cruz Braga, continuam foragidos.
No ano passado, Ayla e uma comparsa identificada como Eloísa chegaram a ser presas em Goiânia, acusadas de causar prejuízo de R$ 200 mil a dez pessoas com a venda de falsas cartas de crédito.
A técnica de enfermagem Gonçalina contou que, além de perder dinheiro, viu o sonho da casa própria ser adiado mais uma vez:
“Eu acordo às 4h20 da manhã, começo a trabalhar às seis e só volto às seis da tarde. Luto muito para juntar dinheiro e realizar meu sonho. Ser enganada desse jeito é desesperador”.
A Polícia Civil segue investigando para localizar os demais envolvidos e identificar novas vítimas em todo o país. Quem suspeitar ter caído no golpe é orientado a registrar boletim de ocorrência.

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