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Saúde
Terça - 19 de Junho de 2012 às 13:24

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Entenda a polêmica em torno do parto em casa Mauro Vieira/Agencia RBS
Marcha do Parto em Casa levou manifestantes ao Parque Farroupilha no domingo (Foto: Mauro Vieira / Agencia RBS)




Uma polêmica envolvendo o obstetra Jorge Kuhn, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que defendeu, em entrevista a um programa de televisão, a possibilidade de nascimentos em ambientes extra-hospitalares, desencadeou uma série de manifestações em torno do tema.

Após o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro solicitar à associação paulista a punição do médico, entusiastas do parto em casa realizaram marchas em defesa da prática em diversas cidades brasileiras, inclusive Porto Alegre. A Marcha do Parto em Casa levou dezenas de mulheres, muitas delas grávidas, ao Parque Farroupilha no domingo, com faixas e cartazes defendendo o direito da gestante de escolher se prefere fazer o parto em sua residência ou em uma maternidade.

O obstetra José Geraldo Ramos, professor de obstetrícia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), considera o parto domiciliar um retrocesso na medicina. Entre os principais argumentos contrários à prática está a agilidade para contornar complicações no hospital, em casos de hemorragias, infecções e paradas cardíacas.

— Do ponto de vista médico, seria muito arriscado depender de uma transferência, o que não se justifica nem mesmo na rede pública, onde um dos serviços mais bem organizados é justamente a maternidade — argumenta Ramos.

Segundo o médico, estudos feitos na Holanda, um dos países onde mais se realizam partos domiciliares, mostram que a mortalidade de bebês nascidos em casa é muito maior do que nascidos graves em hospitais. Ramos destaca, ainda, que as mulheres podem optar pelo parto normal em maternidades, contando com os recursos hospitalares.

Já o ginecologista e obstetra Alberto Jorge de Sousa Guimarães, defensor do parto humanizado, afirma que é possível a gestante ter o direito de ser a dona do seu parto, permitindo que o pai participe ativa e diretamente do processo.

— Um nascimento com a menor necessidade possível de intervenções médicas ou farmacológicas dá ao recém-nascido uma experiência acolhedora neste período de transição — defende Guimarães.

Manifestação nacional

Um dos destaques da Marcha do Parto em Casa em São Paulo foi o obstetra Jorge Kuhn, defensor da tese de que o Brasil poderia reduzir o número de cesarianas e de que muitos partos não precisam, necessariamente, ocorrer um hospital.

— Talvez eu tenha sido o estopim de um movimento que existe há bastante tempo em São Paulo e no Brasil, e o que faltava era dar maior visibilidade — disse o médico à Agência Brasil.

Sobre o fato de o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro ter pedido que ele fosse punido por defender tal posição, Kuhn disse que tudo não passa "de desconhecimento, o que faz com que as pessoas rejeitem as coisas". Ele lembrou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que apenas entre 10% e 15% dos bebês nasçam por meio de cesariana.

Dados do Ministério da Saúde indicam que, em 2010, 52% dos partos no país foram cirúrgicos. Na rede privada, o índice chega a 82% e na rede pública, a 37%.

Conheça alguns dos argumentos:

A favor

:: Vivência do parto pelas vias naturais, permitindo que o corpo trabalhe da forma que a natureza o programou.

:: Melhor relação afetiva entre mãe e filho.

:: As contrações do parto natural preparam o corpo para uma série de transformações que culminam com o nascimento.

:: A ocitocina, hormônio que estimula as contrações do útero durante o parto, auxilia na maturação pulmonar e no grande conjunto de hormônios que produzem o leite.

Contra

:: Necessidade de transferência em casos de complicações, o que aumenta a morbidade.

:: Mortalidade de bebês nascidos em casa é maior do que de nascidos graves em hospitais.

:: Ausência de recursos como anestesia e bancos de sangue.






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