Clarissa de Oliveira passou os últimos dois anos estudando para realizar um sonho antigo, entrar para o curso de Medicina. Inscrita no Programa Universidade para Todos (ProUni), a jovem, de 18 anos, acreditava ter obtido uma média no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) suficiente para ganhar uma bolsa integral na Universidade Gama Filho. No dia da matrícula, porém, teve uma surpresa: o resultado do exame que ela havia visto, imprimido e até compartilhado com amigos no Facebook era outro. No sistema do MEC, suas notas haviam baixado, e seu sonho de se tornar médica estava em risco.
Clarissa estudou a vida inteira no Colégio Estadual Joaquim Leitão, em Magé. A menina, de uma família humilde, mora em uma casa com mais três pessoas, que vivem com uma renda de R$ 1.300, vinda da pensão da avó Neuza Maria de Oliveira, de 61 anos. Sem a bolsa, Clarissa não pode cursar a faculdade.
— Já precisei pagar R$ 70 de autenticação de documento. Preciso de uma bolsa na faculdade, ou vou fazer o vestibular de novo — diz a jovem.
A jovem conferiu seus resultados no Enem em dezembro do ano passado. Com destaque em Redação, a média final estava em cerca de 800 pontos, o que a classificaria como bolsista da Universidade Gama Filho.
— Ela estudou tanto para isso... A gente conta pelas madrugadas que ela passou em claro — desabafa a avó.
Clarissa chegou a compartilhar o resultado em seu perfil no Facebook, onde dizia acreditar que suas notas não a classificariam para uma universidade pública. Resolveu imprimir a página com as notas, direto do site do MEC.
Mesmo sem condições financeiras, a estudante precisou ir ao Rio por três dias, para poder efetuar sua matrícula. Na fase final da inscrição descobriu que suas notas haviam caído quase pela metade, deixando-a de fora de qualquer vaga:
— Com essa nova pontuação minha média fica perto de 500, e assim eu não passaria para lugar nenhum.
Procurado pelo EXTRA, o MEC se limitou a dizer que as notas da estudante não foram alteradas e não são as maiores, apresentadas pela jovem inicialmente. A Universidade Gama Filho informou que já está analisando o caso da aluna e tentará ajudá-la.
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