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Educação/Vestibular
Sábado - 28 de Setembro de 2013 às 13:29

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Em um ano, o número de pessoas analfabetas, com mais de 15 anos, cresceu 9% em Mato Grosso. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta sexta-feira (27). Aproximadamente 193 mil pessoas se enquadram nesta situação. Falhas nas políticas educacionais, que incluem problemas graves no ensino médio, contribuíram para a situação. O índice atual de analfabetos é de 8,1%, acima da média do Centro-Oeste, que é 6,7%. A última edição do estudo mostrava o Estado com 173 mil analfabetos, 7,3% da população.


 
Para a professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Filomena de Arruda Monteiro, o avanço do contingente de analfabetos preocupa e mostra uma urgente necessidade de se reformular boa parte do sistema de ensino. "Faltam atrativos para manter alunos em sala de aula e fazer com que eles aprendam. Isso ocorre sobretudo no ensino médio, que ano após ano tem perdido estudantes".


 
Filomena explica que a atual geração de jovens é voltada para a tecnologia, que ainda não é popularmente empregada nas escolas. "Por não fazer parte da rotina de sala de aula, o uso destes equipamentos concorre com o ensino e contribui muito para a evasão escolar".


 
No Brasil, o crescimento do analfabetismo voltou a ser verificado após 15 anos de sucessivas quedas. Na opinião do professor Júlio Cesar Martins Viana, boa parte dos bons resultados obtidos neste período se devem muito mais a questões etárias do que de políticas educacionais. "Ocorre que, geralmente, as pessoas de mais idade formavam boa parte do contingente de analfabetos e, por conta das leis da vida, elas iam morrendo, sendo substituídas por uma geração mais escolarizada".


 
Prova disso, segundo ele, é que ano após ano o número de matrículas na rede pública de ensino cai, gerando um contingente de pessoas que até passaram pela escola, mas não são alfabetizadas.


 
Outro aspecto que pode explicar o aumento é o ingresso de jovens cada vez mais cedo no mercado de trabalho, conforme Filomena, por conta da necessidade de aumentar o orçamento familiar. Neste contexto, aponta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Henrique Lopes, o Estado também recebe muitas pessoas de outras regiões para o trabalho na zona rural. "Quem vem para trabalhar não chega a estudar. Há uma oferta de empregos para pessoas com baixa escolarização, que atrai este tipo de pessoa".


 
E trocar a escola pelo trabalho não se mostra uma boa opção. O Pnad aponta que uma esmagadora maioria destes analfabetos que consegue emprego ganha entre 1 e 2 salários mínimos por mês. "Entre estudar e trabalhar, o jovem prefere ganhar seu dinheiro, que em curto prazo pode ser mais atrativo", destaca Filomena.


 
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), autor da pesquisa, ainda é cedo para avaliar o fim da queda do número de analfabetos. Só nos próximos anos será possível afirmar se os resultados mostram uma tendência ou um fato pontual.


 
Por meio da assessoria, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) afirmou que só se pronunciará após análise total da Pnad.




Fonte: A Gazeta

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