José Maria Martin, de 56 anos, embarca nesta sexta-feira para Cáceres. Profissional afirma que programa do governo federal é "muito ambicioso"
Médico espanhol que atuará em MT diz: "atendimento não existe há anos"

O espanhol José Maria Martin, de 56 anos, primeiro estrangeiro a chegar a Mato Grosso para participar do programa Mais Médicos, do governo federal, disse esperar que a iniciativa ajude a solucionar a falta de atendimento médico, problema que se arrasta há tempos no Brasil. Nesta sexta-feira (20), ele viaja para Cáceres, a 250 km de Cuiabá, para atuar em uma unidade básica de Saúde.


 

“As pessoas estão esperando por um serviço que por muitos anos não existiu. Um serviço integrado para poder solucionar a maior parte dos problemas sem ter que deslocar-se grandes distâncias”, afirmou o profissional, especialista em estética e urgências. 


 

Martin, que nasceu em Salamanca, trocou o salário de US$200 mil por ano na Inglaterra, onde trabalhava desde 2010, pelo clima quente do Brasil, para receber R$ 10 mil por mês. “Não gostava muito do clima da Inglaterra. Quando vi pela Internet a possibilidade de vir para cá, decidir tentar. O Mais Médicos é um programa muito ambicioso para a população”.

 

O profissional, que já foi voluntário na Venezuela em 1999, após inundação que matou mais de 20 mil pessoas no país, afirma que a desigualdade entre as classes no Brasil ainda é grande.


 

“A pobreza existe em toda parte, mas aqui há mais diferença social. Na Espanha, e na Europa em geral, normalmente há muito mais ajuda social, que podem chegar a mil dólares por mês. Essa diferença se minimiza. Já lidei com gente pobre e humilde. Mas, o conceito de pobre aqui é diferente do conceito de pobre lá”, explica. 


 

No entanto, ele elogia também a evolução do país ao longo dos anos. “As informações que tenho sobre o Brasil é de que é um país em evolução, muito rico e com muitas possibilidades”, diz.


 

A mulher e os três filhos do médico ficaram na Inglaterra e deverão visitá-lo em Mato Grosso quando Martins já estiver mais estabilizado em Cáceres. “Vou dar minha humilde contribuição ao país”. 


 

Críticas


 

Martin disse considerar normal haver críticas por parte dos médicos brasileiros em relação à chegada de profissionais estrangeiros para atuar no Brasil.


 

“É normal ter gente que critica. É uma posição de poder muito grande. Trazer médicos de fora tira, de alguma maneira, essa posição. São muitos médicos que vão vir de fora. Isso provoca uma perda de posição de poder”.