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Opinião
Quinta - 10 de Junho de 2021 às 14:08
Por: Francisco de Sales Manzi

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Em 2016, o palestrante escolhido para o circuito Acrimat em Ação, evento itinerante que há dez anos percorre 12 mil quilômetros em todas as regiões do estado, foi o saudoso pesquisador da Embrapa Gado de Corte Armindo Neivo Kichel.

Durante a sua palestra no evento daquele ano, realizado no município de Barra do Bugres, discorreu sobre a nutrição dos animais através de uma pastagem de melhor qualidade, associada a suplementação no cocho com concentrados.

Logo que abriu para perguntas, um produtor fez a seguinte indagação: “o senhor é do Rio Grande do Sul, mora fora do nosso estado, talvez implementar o que está propondo aqui na nossa região não seja tão simples, porque nós temos um período de estiagem que em muitos anos chega a mais de 120 dias, sem nenhuma gota de chuva, e as pastagens ficam muito secas e perdem muito seu valor nutricional”.

Armindo respondeu com outra pergunta: “Há quantos anos ocorre esse período de estiagem aqui nessa região?”

“Todos os anos”, respondeu o produtor. “Acho que remonta há épocas”.

Armindo continuou: “E você não aprendeu ainda que tem que se preparar para esse período? ”.

Pois chegamos em 2021 depois te ter enfrentado, no ano anterior, a maior seca dos últimos 50 anos. Com um impacto devastador no meio ambiente e na economia, regiões como o Pantanal, maior planície alagada do mundo, bioma que tem na pecuária sua principal atividade econômica, sofreram perdas inestimáveis, inclusive humanos.

Pastos, florestas, residências, animais, tudo consumido pelo fogo. O desastre dos incêndios foi noticiado no mundo inteiro, e as imagens aterrorizantes do fogo chocou a população.

E de carona com a falta de chuvas vem os incêndios, mais uma vez, com agravante de que a seca começou antes do período previsto este ano. Estes incêndios ocorrem todos os anos em nosso estado, com menor ou maior intensidade, causando prejuízos a flora, fauna e ao patrimônio público e privado.

E para evitar isto, temos que seguir conselhos como o pesquisador, Armindo Kichel, sobre se preparar para estas mudanças sazonais.

Este conjunto de sinais nos mostra que devemos nos preparar para evitar esses danos. E neste sentido, vemos ações como a do governo do estado, que antecipou o período proibitivo das queimadas para o início deste mês e já investiu milhões em ações de combate aos incêndios. Devemos, como cidadãos empresas privadas e associações fazer a nossa parte.

Muitos incêndios se iniciam à beira das rodovias, cuja limpeza deve ser feita através do corte da vegetação da faixa de domínio, dentre outras ações mais simples porém efetivas, e que cabem ao cidadão, como evitar jogar bitucas de cigarro, latas de alumínio e outros nas estradas, materiais que servem de combustível para iniciar a tragédia, e aqui cito apenas algumas das causas incontroláveis com que lidamos neste período.

Temos ainda os incêndios criminosos causados pela ação do homem, além de acidentes, como um cabo de energia que se rompe e acaba por atingir a vegetação seca, o que ocorre, geralmente, por falta de manutenção adequada.

Prevenir os incêndios é dever de todos, e devemos nos atentar para isso agora, pois o período seco está apenas começando, porque como perguntaria o finado Dr. Armindo, “Você não aprendeu ainda que tem que se preparar para esse período?”

Francisco de Sales Manzi, médico veterinário e diretor técnico da Acrimat



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