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Saúde
Sábado - 03 de Julho de 2010 às 03:44

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De madrugada, a câmera invade o quarto atrás de um flagrante. Quem faz a gravação é a professora Lilian Fidanza, mulher do professor de educação física José Luiz Fidanza. Ele dorme profundamente e ronca. Registrar o ronco do marido seria uma forma de convencê-lo a procurar tratamento.

“Eu acordei um dia e ele estava roncando muito. Aí, eu gravei. Quando você começa a gravar, a pessoa para de roncar”, conta a professora.

Lilian escreveu para o Globo Repórter, contou o drama que vive todas as noites, e nós a incentivamos. Emprestamos o equipamento para Lilian gravar o som que ela é obrigada a ouvir. José Luiz diz que, a partir desse dia, ele se conformou que ronca. “Mas nem sempre”, o professor faz a ressalva.

Mas tratamento que é bom, nem pensar. O jeito foi negociar. Lilian e José Luiz têm um acordo. Ele só vai para cama depois que ela já engrenou no sono. De uns tempos para cá, eles nem dormem mais juntinhos. É cada um pra um lado da cama.

Lilian precisa dormir oito horas por noite. Um pouco menos, e ela já sente. O raciocínio parece que fica mais lento. Para José Luiz, roncar nunca trouxe nenhum problema de saúde, mas os médicos da UNIFESP alertam que o ronco pode ser um sinal de que alguma coisa no corpo não vai bem. Pode ser um sinal de apneia, pausas na respiração durante o sono.

“Boa parte desses homens que têm apneia do sono vão ter maior risco cardiovascular e podem ter maior chance de diabetes. Eles também têm que se preocupar com a vida sexual. Porque este estudo mostra que muitos dos homens que têm apneia do sono têm quase três vezes mais chance de ter queixa de uma vida sexual não favorável”, a biomédica Monica Andersen, da UNIFESP.

Uma pesquisa inédita feita pelo Instituto do Sono, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), ajuda a entender por que temos tantos problemas para dormir. Nosso sono não é prejudicado só pela correria do dia a dia e pela obesidade. “A gente encontrou um novo fator de risco. Quanto mais características européias o DNA de um indivíduo tiver, maior é a chance de esse indivíduo desenvolver a apneia”, aponta a geneticista Camila Guindaline, da UNIFESP.

A herança daqueles imigrantes europeus que desembarcaram no Brasil há muito tempo também ajuda a fazer de São Paulo a capital brasileira das noites mal dormidas.






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