Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Saúde
Domingo - 14 de Outubro de 2007 às 13:48

    Imprimir


São Paulo - Todo ano, há 3 mil novas indicações de transplante de medula, mas 1.700 delas não encontram doador. É na possibilidade de salvar a vida dessas pessoas que está a utilidade atual do armazenamento em bancos de sangue de cordão umbilical. Apoiados nas promessas de tratamentos futuros, surgiram os bancos privados, em que se armazena material colhido no parto para uso próprio, num eventual tratamento de doenças.

Para o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, há propaganda exagerada de empresas que prometem mais do que podem cumprir. A procura por esse serviço tem crescido nos últimos anos. Desde 2004, quando foi inaugurado, o banco privado de sangue de cordão umbilical CordVida já cadastrou cerca de 3 mil clientes. A empresa registra cem novos pacientes por mês. Em relação a 2006, o número aumentou 37%.

Em seus sites, os bancos privados misturam informações científicas com técnicas de marketing para convencer os futuros pais de que eles têm em mãos uma chance de salvar a vida do filho. O cordão umbilical é a mais promissora fonte de células-tronco, mas atualmente a sua única aplicação é para os casos de disfunção na medula óssea. São cerca de 70 doenças, entre elas, certos tipos de câncer, como leucemia, linfoma, anemias crônicas.

O diretor do BrasilCord, a rede de bancos públicos brasileiros de sangue de cordão, Luís Fernando Bouzas, acusa as empresas de indicarem uma lista de doenças que podem ser tratadas. No entanto, os bancos privados só podem armazenar células do cordão para uso da própria pessoa, segundo a Resolução 153 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“A única aplicação terapêutica, que é recompor as células do sangue, não funciona bem em uso próprio”, afirma o coordenador da RedeCord, que reúne os bancos públicos do Hospital Albert Einstein e dos hemocentros da Unicamp em Campinas e em Ribeirão Preto, Carlos Alberto Moreira Filho. O Einstein foi o primeiro no País a fazer transplantes de medula com células do cordão, em 1999. No mesmo ano, iniciou um armazenamento privado, que acabou por falta de resultados. “A solução solidária é a única viável e a solução egoísta é inepta cientificamente.” O autotransplante é proibido na União Européia desde 2004 e só é feito em clínica particular se o paciente assinar declaração de responsabilidade.

Bouzas faz parte da equipe que está desenvolvendo o arcabouço de uma nova legislação sobre as terapias celulares, entre elas o uso de células-tronco do cordão. A norma será aberta a consulta pública até novembro e deve entrar em vigor em 2008. “Não queremos acabar com a galinha de ovos de ouro. Minha única preocupação é que não enganem as pessoas”, disse ele, que também coordena o Centro de Transplantes de Medula Óssea do Instituto Nacional do Câncer (Inca). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




Fonte: AE

Comentários

Deixe seu Comentário