Boi gordo ficou caro em dólar e está barato em reais
Para o analista Fabiano Tito Rosa, da Scot Consultoria, o descompasso impede que os preços internos subam e encerrem o ciclo de baixa. "Quando o câmbio está valorizado, o frigorífico tem mais força para impedir a alta no mercado interno porque a matéria-prima fica cara", diz. Paulo Molinari, consultor da Safras & Mercado, acrescenta que os frigoríficos pagam preços compatíveis com o mercado internacional.
"As indústrias poderiam desembolsar mais, mas não conseguiriam exportar", diz. Para Rosa, o dólar pode se transformar no grande vilão da pecuária. Segundo ele, se os preços subissem para R$ 70 a arroba, de modo que permitissem rentabilidade, uma vez que os custos variam de R$ 50 a R$ 60 por arroba dependendo do sistema de produção, em dólares ficariam nos patamares dos Estados Unidos: US$ 37 a arroba. "O Brasil perderia competitividade", conclui.
Na avaliação do diretor da AgraFNP, José Vicente Ferraz, o câmbio não está se refletindo nas exportações porque o mercado internacional está aquecido, em virtude de uma maior demanda. "No entanto, quando o preço internacional cair, a margem também vai diminuir", afirma. Apenas neste ano, as cotações internacionais ficaram entre 15% e 30% mais altas, dependendo do corte e do tipo - industrializada ou in natura. As cotações que chegaram a R$ 65 a arroba em outubro, estão a R$ 55 a arroba.
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