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Saúde
Sábado - 14 de Outubro de 2006 às 00:19

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O médico Ciro de Quadros, presidente do Instituto de Vacinas Albert Sabin, em Washington, afirma que o Brasil precisa e pode erradicar a rubéola até 2010. Especialista em saúde pública e controle e erradicação de doenças imunopreveníveis, o médico diz que, embora não seja uma doença gravíssima para um adulto infectado, a síndrome da rubéola congênita - que pode passar da mulher grávida para o bebê - pode provocar cegueira, problemas cardíacos e uma série de outros problemas nos órgãos internos para a criança.

Para Quadros, o Brasil, como pioneiro em campanhas de vacinação, reúne conhecimento e experiência para cumprir a meta estabelecida pela Organização Panamericana de Saúde de erradicar a doença até 2010.

Para isso, no entanto, o médico alerta que é preciso estender o esforço de vacinação a homens, ao invés de concentrá-lo em mulheres, como tem feito o Brasil. "Se a população masculina não for vacinada pode ficar como um reservatório desse vírus", explica.

Quadro falou à BBC Brasil como parte da série Brasil 2010, em que personalidades de diversas áreas elegem algum aspecto que gostariam de ver diferente no país que será entregue pelo presidente que vencer estas eleições.

Leia a seguir alguns trechos da entrevista:

BBC Brasil - O que o senhor gostaria de ver diferente no Brasil em 2010? Ciro de Quadros- O que eu gostaria de ver no Brasil em 2010 é que se cumpra a meta da erradicação da rubéola, pois o Brasil faz parte deste grupo de países do continente americano que estão erradicando a rubéola com a meta (da Organização Panamericana de Saúde) da erradicação até o ano de 2010. Tenho certeza que o Brasil conseguirá isto. Foi um país que erradicou a varíola, a poliomielite, o sarampo.

BBC Brasil - Entre tantas doenças, por que a rubéola estaria entre os primeiros pontos destacados?

Quadros - Do ponto de vista epidemiológico, não é uma doença gravíssima, para a pessoa que adoece. Mas é uma doença gravíssima se a pessoa que adoece é uma mulher grávida. Porque a criança tem uma grande probabilidade de nascer com síndrome de rubéola congênita, que dá cegueira, problemas cardíacos e uma série de outros problemas nos órgãos internos.

Depois que se erradicou o sarampo se identificou que existe uma quantidade enorme de rubéola na América Latina, que era confundida com sarampo.

E quando se descobriu que poderia haver um estimado de mais de 20 mil casos de síndrome de rubéola congênita na região, os governos decidiram dentro do Conselho Diretor da Organização Panamericana de Saúde dizer: bom, erradicamos a varíola, a pólio, o sarampo. A rubéola é erradicável, vamos também erradicar esta doença. E aí colocaram a meta para o ano de 2010.

BBC Brasil- O número de casos de síndrome de rubéola congênita continua alto na América Latina?

Quadros -Este número baixou enormemente. A campanha de erradicação da rubéola teve início em muitos países durante a campanha de erradicação do sarampo.

Para erradicar a rubéola e a síndrome da rubéola congênita, tem que vacinar todas as mulheres e também os homens, de uma idade elevada, onde o vírus está circulando.

Brasil e Chile são dois países que vacinaram apenas as mulheres. No Chile já ocorreram casos em população masculina, e no Brasil também ocorrem casos em população masculina.

Se a população masculina não for vacinada pode ficar como um reservatório desse vírus. E se, por acaso a imunidade da população feminina diminui, poderiam ocorrer casos na população feminina e de novo, voltaria o problema da síndrome da rubéola congênita.

BBC Brasil - De concreto o que falta para a erradicação completa da rubéola? Quadros - O Brasil é o país que tem liderado campanhas de vacinação. Foi o primeiro país do mundo a introduzir a vacina do rotavírus, que custa cerca de US$ 7 (a unidade). É uma decisão simplesmente técnica do Ministério da Saúde: além das mulheres, também os homens têm que se vacinar. Nesta sexta-feira, em Moscou, foram realizadas consultas similares entre o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, um emissário do presidente da China, Tang Jiaxuan, e o representante da China nas conversas multilaterais, Wu Dawei.




Fonte: BBC Brasil

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