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Saúde
Segunda - 18 de Setembro de 2006 às 09:46
Por: João Carlos Caldeira

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O número de vítimas da Aids continua crescendo em todo mundo, apesar do avanço da medicina, das pesquisas e dos investimentos públicos de alguns países, entre eles há de se reconhecer o Brasil, exemplo mundial de política de distribuição de medicamentos e de prevenção.

No ano passado, mais de 5 milhões de pessoas foram contaminadas e 3,5 milhões de pessoas morreram em conseqüência da doença. Como a epidemia mundial está controlada na maioria dos paises ricos, os recursos estão sendo reduzidos no combate a doença.

De acordo com a Organização das Nações Unidas- ONU, apenas 6 bilhões de dólares são destinados ao combate da epidemia em todo o mundo. Segundo recentes estudos da ONU, seriam necessários aproximadamente US$-14 bilhões por ano.

Parece muito dinheiro não é mesmo? Mas se levarmos em consideração que o país mais rico do planeta, os Estados Unidos, gasta essa mesma quantia em apenas um mês para manter sua tropa no Iraque, numa guerra que parece não ter fim, não é tanto dinheiro assim!

Somente neste exemplo, pode-se tirar a conclusão que a decisão é política: numa das guerras, a do Iraque, morre dezenas de pessoas por ano, contra milhões da guerra do HIV contra a humanidade, a diferença é que enquanto morrem 100 americanos por ano, morrem 2 milhões de africanos no mesmo período.

A experiência brasileira no combate à epidemia é constantemente elogiada pela ONU e modelo para vários outros países em desenvolvimento. A oferta de tratamento, medicamentos e assistência emocional aos pacientes da rede pública (leia-se SUS), aumentaram a sobrevida e a qualidade de vida dos brasileiros.

Em 1995, a sobrevida era de apenas um ano e meio. No ano seguinte quando foi implantada a política de tratamento gratuito aos portadores passou para cerca de cinco anos. Hoje em dia deve estar bem maior, mas não tenho números recentes.

Na realidade nós só ficamos realmente sensibilizados e preocupados com o problema quando ele está ao nosso lado, como é meu caso. Tenho convivido com uma pessoa próxima que contraiu a doença e enfrenta o drama da discriminação, do preconceito e da falta de amor das pessoas da própria família.

Nunca imaginei, apesar das informações, das campanhas de saúde e dos depoimentos de pessoas conhecidas, que o sofrimento fosse tão arrasador para o portador do HIV. Como contar ao cônjuge ou namorado (a)? Como contar aos pais, irmãos ou filhos? Como reagir diante da notícia que você nunca mais se livrará da doença? Como se preparar para viver sabendo que morrer é a única certeza mais eminente?

Apesar de todo sofrimento, da dor, da discriminação e da angústia de quem tem a doença, posso afirmar com segurança que o sistema de saúde pública é eficiente em Cuiabá.

Todos os exames, consultas, internações e medicamento são oferecidos gratuitamente aos portadores do HIV. Existe ainda a oferta de atendimento psicológico não só para a pessoa contaminada, mais para toda a família.

Além disso, grupos anônimos de profissionais da saúde, religiosos e pessoas solidárias, fazem um trabalho de ajuda e recuperação emocional, desde o momento em que são informados que são portadores do HIV, mesmo que não tenham desenvolvido a doença.

É uma guerra silenciosa, diferente de outras guerras como a do EUA contra o terrorismo ou a nossa guerra diária contra a violência.

É uma guerra que destrói o ser humano em sua essência; destrói sua alma, sua esperança, por meio do preconceito e da discriminação.





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