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Saúde
Segunda - 04 de Setembro de 2006 às 07:31

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A evolução e o ambiente, e não só a gula, provocaram a pandemia global de obesidade, com um número estimado de 1,5 bilhão de pessoas acima do peso — mais do que o número de desnutridos — segundo informou uma conferência sobre obesidade nesta segunda-feira.

A crescente epidemia de obesidade infantil vai levar muitas crianças a morrerem antes dos pais, disse Kate Steinbeck, co-presidente do 10o Congresso Internacional de Obesidade, em Sydney.

"Esta é a primeira geração na história em que filhos podem morrer antes dos pais", disse Steinbeck na conferência.

Especialistas em saúde que participam do congresso de uma semana, que começou nesta segunda-feira, dizem que os pedidos nos últimos 30 anos para as pessoas comerem menos alimentos gordurosos e fazerem mais exercícios não conseguiram combater a obesidade global.

A obesidade tornou-se um "assassino traiçoeiro e a maior causa de doenças preveníveis, como diabetes e do coração", disse Paul Zimmet, co-presidente da conferência. "É uma doença com consequências desastrosas na saúde, na economia e na sociedade".

Steinbeck disse que o combate à obesidade não é um simples fato de as pessoas comerem menos e fazerem mais exercícios, mas sim descobrir fatores ambientais e genéticos para a doença.

"Sabemos que não é somente glutonia — é a interação de hereditariedade e ambiente", disse.

Uma nova pesquisa descobriu que poucas horas de sono e gorduras de fast food podem alterar a biologia das pessoas, tornando-as mais suscetíveis a comerem mais e a fazerem menos atividades, disse a Associação Internacional de Estudo da Obesidade.

"A pesquisa sobre obesidade deveria dar prioridade a encontrar qualquer esperança de combate à pandemia global", disse Arne Vernon, presidente da associação.

Vernon disse que milhões de pessoas obesas estão sendo discriminadas e estigmatizadas, e costumam ter o acesso a serviços médicos negados.

"Uma crescente proporção de pessoas com obesidade mórbida está no final extremo do espectro, mas são estigmatizadas e ignoradas", disse.

EVOLUÇÃO NA DIETA

Suplementos alimentares ou tratamentos alternativos que prometem perda de peso têm efeito mínimo, ou nenhum, porque não tratam das influências evolutivas que levam o corpo a conservar energia em períodos de fome", disse Anne-Thea McGill na conferência.

McGill, professora de Saúde Pública na Universidade de Auckland, disse que os humanos foram projetados para maximizar seu consumo de energia porque o cérebro grande usa cerca de um quarto do gasto total de energia.

"Os primeiros humanos procuravam comida com muita energia, com altos níveis de gordura, amido e açúcares. Estamos programados geneticamente para encontrar alimentos com estas qualidades", disse McGill.

"Mas a alimentação ocidental altamente energética teve muito dos sabores e micronutrientes retirados em processamentos. Os substitutos artificiais em alimentos gordurosos, rígidos e com muito açúcar tornam a comida sobrepalatável e fácil de ser ingerida rapidamente".

Muita comida processada resulta em consumo de energia em excesso, com deficiência de micronutrientes, produzindo um estado de "subnutrição", que leva o corpo a reagir a "estresse de fome", armazenando gordura na parte superior", disse McGill.

"Muitos dos remédios vendidos sem receita e preparados de ervas, extratos de alimentos, minerais e vitaminas são promovidos como algo que ajuda a diminuir o peso do corpo", disse. "Mas eles não corrigem o desequilíbrio de nutrientes de dietas pobres, que produzem a obesidade."





Fonte: Reuters

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