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Saúde
Segunda - 03 de Julho de 2006 às 04:14

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O domingo na emergência do Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, na capital fluminense, foi de absoluta precariedade devido à paralisação de médicos cooperativados. Pacientes que procuravam a unidade eram recusados porque não havia profissional para atendimento de pediatria e ortopedia. A própria Secretaria Estadual de Saúde admitiu que ambulâncias do Corpo de Bombeiros e da Samu receberam pedidos para que encaminhassem pacientes diretamente a outras unidades.

Segundo o diretor do hospital, Alberto Leite, a greve foi desencadeada porque os médicos cooperativados não receberam este mês a gratificação de R$ 500. Como são responsáveis pela maior parte dos procedimentos de fim de semana, a paralisação praticamente suspendeu o atendimento.

"Eles ganham R$ 1,3 mil líquidos por mês. Com a gratificação, chegam a R$ 1,8 mil. Como houve corte no pagamento, resolveram parar", disse.

Quem sofreu com a falta de atendimento foi Vinicius Lopes Nicolau, 13 anos. Vítima de um acidente de moto, no sábado, ele ontem teve que ser transferido para o hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias, porque o Rocha Faria não tinha ortopedista de plantão.

A dona de casa Jacira Pontes da Silva, 55, também viu de perto a falta de estrutura. Após um tombo na rua, foi levada pelos bombeiros ao Rocha Faria. Saiu poucos minutos depois, com o cotovelo esquerdo ainda deslocado.



"Ainda na ambulância os bombeiros souberam que não teriam que me levar para o hospital São Francisco, em Itaguaí. Paramos no Rocha Faria apenas para fazer exame de raios-x, porque a outra unidade não tinha o aparelho", contou.

Segundo o diretor do hospital, no sábado deveria haver um ortopedista de plantão, que não apareceu. A situação ontem era ainda mais grave: faltaram os quatro médicos da especialidade. No sábado, teríamos um, mas o médico não apareceu.

"Ainda no sábado, deveríamos ter cinco pediatras, mas só uma médica veio trabalhar. Depois de 24 horas de plantão, ela esperou que algum médico a rendesse domingo de manhã, mas não chegou ninguém. A chefe do serviço de pediatria teve que dar cobertura", relatou.

Segundo Ismar Bahia, superintendente de Serviços de Saúde do estado, hoje haverá reunião para tratar da gratificação cortada. Ele promete, ainda, estudar uma forma de melhorar a remuneração dos médicos cooperativados que trabalham em áreas periféricas, para que tenham vínculo maior.

"Em plantão de 24 horas, o profissional não cria vínculo. O problema é a falta de compromisso com a população. Mas vamos criar uma remuneração especial para algumas especialidades, para fixar esses profissionais nos hospitais". No Rocha Faria faltam pediatras, ortopedistas e neurocirurgiões.

Samu: sem 22 ambulâncias A crise no setor de saúde do estado está afetando até as ambulâncias da Samu, mantidas com recursos repassados pelo governo federal. O presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Rio de Janeiro, Jorge Darze, denunciou ontem o colapso do serviço, que tinha apenas 37 ambulâncias em operação. Segundo a entidade, além das 28 unidades já paradas por falta de manutenção, outras 22 deixaram de rodar ontem por ausência de profissionais.

O serviço da Samu conta com dois tipos de ambulância: a básica, que faz atendimentos pré-hospitalar apenas com motorista e técnico de enfermagem; e a avançada, cuja equipe é formada por motorista, médico e enfermeiro. Ontem, segundo o sindicato, faltavam 7 unidades avançadas (de um total de 18) e 15 básicas (de um universo de 41).

"Estamos sem pagamento há dois meses e ainda não recebemos julho e agosto de 2005", disse um profissional sem se identificar. A categoria queixa-se ainda da ausência de supervisores, o que tem levado chefes de equipe a acumular funções.

A subsecretária estadual de Saúde, Alcione Athayde, contesta os números. Segundo ela, o estado tem 97 ambulâncias da Samu. Desse total, 20% fazem parte da frota de reserva técnica - devido ao alto índice de desgaste dos veículos -, que não precisam estar necessariamente rodando. Ela afirma que isso faz parte do acordo com o Ministério da Saúde.

Denúncia será feita a ministério Jorge Darze, presidente do Sindicato dos Médicos, disse ontem que vai apresentar denúncia hoje ao Ministério da Saúde sobre a situação crítica da Samu. Ele pretende ainda levar o caso também aos ministérios públicos estadual e federal.

"Vamos denunciar a gestão criminosa da Secretaria estadual de Saúde. Na medida em que causa danos à Samu - cuja finalidade estratégica é dar atendimento pré-hospitalar - agrava a situação de calamidade. O paciente piora e aumentam as filas nos hospitais. A secretaria anda na contramão do programa financiado pelo Ministério da Saúde".





Fonte: O Dia

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