Xavante faz curso na Univap para ensinar crianças da sua tribo

Ele chegou sem avisar, em 1999. Veio de ônibus, com sua roupa mais importante. Não falava quase nada de português e tinha um objetivo claro: estudar,e se formar e voltar para casa para aplicar esse conhecimento.

Ele é o índio xavante Patí, 29 anos, estudante da Univap. Filho do cacique da tribo Pedra Branca, no Mato Grosso, Pati está no último semestre do curso normal superior, que o capacita a dar aulas para crianças e jovens de ensino médio e fundamental em qualquer lugar do país.

"Vou terminar o curso e voltar para a minha tribo para ensinar as crianças de lá tudo o que eu aprendi na cidade grande", disse Patí, em português pausado e às vezes de difícil compreensão.

Patí veio para a Univap atendendo a um convite "genérico" do reitor, Baptista Gargione Filho, durante um evento que contou com a presença de representantes de diferentes tribos do país na Fundação Cassiano Ricardo, em 1998.

"Eu disse que daria uma bolsa de estudos a algum representante indígena que quisesse estudar na Univap. Só que não foi dirigido a ninguém especificamente, ele demorou vários meses e veio sem avisar, sem conversar com ninguém", disse o reitor.