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Educação/Vestibular
Quinta - 17 de Março de 2005 às 08:54
Por: Lisandra Paraguassú

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Brasília - O Ministério da Educação decidiu contra-atacar os dados sobre os alunos das universidades federais levantados por uma pesquisa preparada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Munidos de dados de raça e renda, levantados nos últimos anos pelo Exame Nacional de Cursos (o antigo provão), o MEC saiu em defesa da proposta que reserva metade das vagas nas universidades federais para estudantes oriundos de escolas públicas.

"A pesquisa, ao contrário da leitura feita pelos apresentadores, demonstrou que a política de cotas para as universidades públicas é uma necessidade. Nos melhores cursos não há uma correspondência entre o percentual da população afrodescendente e a presença nos cursos", disse Tarso. "Se o resultado estivesse correto e a política fosse desnecessária, não há porque barrá-la, porque não haveria problemas de qualidade como dizem os críticos".

O estudo, divulgado parcialmente depois de confusões e boatos na manhã da última segunda-feira, mostra que há um número significativo de jovens oriundos de escolas públicas nas federais. Seriam 46,2%, somados os que estudaram todo o tempo e os que estudaram parcialmente em escolas públicas. Outros 53% viriam de escolas particulares.

O levantamento feito com 33 mil alunos das federais, definiu ainda que 42,8% dos estudantes teriam renda até três salários mínimos. Não há desdobramento por cursos, por isso não é possível saber se essa proporção se mantém mesmo nos mais concorridos, como medicina, direito ou as engenharias.

Munidos de dados levantados no perfil sócio-econômico feito pelo Provão, o presidente do Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep), contesta a análise e os dados da pesquisa. "Nós trabalhamos com um universo muito maior de alunos e não encontramos isso", afirmou.

Os números, na verdade, são muito próximos nas duas pesquisas. Mas, alega Eliezer, são muito distantes da realidade nacional. "Apenas 42% dos estudantes da Ifes tem renda até 3,5 salários mínimos, mas na sociedade em geral 70% da população está nessa faixa. Essa divulgação levou a conclusões distorcidas e reforça uma postura elitista", afirmou.

Financiado pelo MEC, o estudo deveria ter sido divulgado na manhã de segunda no próprio ministério. No entanto, foi suspenso por ordem de Tarso Genro. A informação do ministério é que ninguém foi avisado dessa divulgação nem teve acesso à pesquisa para analisá-la e respondê-la.

A Andifes, que seria responsável pela pesquisa, também informa que não foi avisada da divulgação e soltou uma nota ontem dizendo que "A divulgação da pesquisa, precipitada e estranhamente restrita a alguns órgãos da imprensa e feita sem a participação da Andifes, prejudicou um debate que pretendemos, como de hábito, seja amplamente estendido a todos os setores da sociedade".

A Andifes informa, ainda, que pretende organizar um debate sobre os resultados e não pretende discuti-los antes disso.

Pesquisa

A Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais do Ensino Superior Brasileiras foi realizada entre novembro de 2003 e março de 2004 e contou com a participação de 47 das 53 Ifes. No total, 33.958 , dos 531.634 estudantes de graduação matriculados no segundo semestre de 2002 responderam ao questionário.

A grande polêmica causada pela pesquisa é referente ao número de negros nas universidades públicas. Segundo os dados do Perfil, 5,9% dos universitários são negros. O número é proporcional aos 5,9% de pessoas que se declararam negros na pesquisa realizada em 2003 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pensando assim, não seria necessário a existência de política de cotas.

Os dados também demonstraram que 57,1% dos alunos das universidades federais ainda são das classes A e B, ou seja, com renda média familiar de, pelo menos R$ 2.804 mensais. Os alunos de escola particular também são maioria. No total, 52,9% dos alunos de graduação das públicas cursaram a totalidade ou a maior parte do ensino médio em escola pública.





Fonte: Agência Estado

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