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Saúde
Quarta - 01 de Dezembro de 2004 às 21:42

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Para milhões de mulheres com a libido em declínio, um novo adesivo de testosterona poderá reforçar seu desejo sexual. É provável que o Intrinsa, um adesivo que deve ser colocado no abdome, torne-se o primeiro medicamento aprovado para tratar a disfunção sexual feminina.

Até 43% das mulheres sofrem de alguma forma de disfunção sexual. O problema mais comum é a falta de interesse, disse Karen Bradshaw, professora de obstetrícia e ginecologia do Centro Médico da Universidade do Sudoeste do Texas, em Dallas. O nível de testosterona da mulher cai em 50% entre as idades de 20 e 40 anos.

"Sou ginecologista e vejo mulheres o dia inteiro. É surpreendente a quantidade delas que reclama de problemas sexuais", disse Bradshaw.

Diferentemente do Viagra, que aumenta o fluxo sangüíneo para as genitais, o Intrinsa libera gradualmente a testosterona, hormônio produzido pelo ovário e pelas glândulas adrenais.

"O Viagra funciona com os encanamentos", disse Mary Johnson, porta-voz da Procter and Gamble Pharmaceuticals, que desenvolveu a droga. "O Intrinsa funciona no... cérebro."

Nesta quinta-feira (02/12), o Departamento de Alimentos e Drogas (FDA) avaliará os estudos de eficácia da droga. Eles foram desenvolvidos com mulheres que tomavam estrogênio, depois da remoção dos ovários. Os resultados foram promissores. A atividade sexual melhorou em 74% com o uso do adesivo. O desejo, o bem estar e a intensidade do orgasmo também melhoraram entre as mulheres, que estavam em relacionamentos estáveis.

Mesmo assim, alguns especialistas são cautelosos.

"As evidências sugerem que funciona para algumas mulheres. Não imagino que funcionará para todas, porque há variáveis demais sobre os fatores que geram a excitação sexual", disse Robert Adams, ginecologista do Centro de Ciência da Saúde da Universidade do Norte do Texas em Fort Worth.

O baixo nível de testosterona é apenas uma das muitas razões que faz uma mulher ter pouco impulso sexual, disse Margaret Wierman, endocrinologista do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado.

A disfunção sexual feminina, disse ela, pode ser causada por problemas emocionais ou psicológicos, cirurgia pélvica, um relacionamento difícil ou situações de abuso sexual.

Bradshaw disse que a resposta sexual do homem depende de sua excitação, mas a da mulher é gerada por sua intimidade emocional. No entanto, independentemente da intimidade que uma mulher tem com seu parceiro, se não houver testosterona, ela não se interessará pelo sexo, disse ela.

A falta de desejo sexual não significa que a mulher é automaticamente candidata ao adesivo. Muitas mulheres talvez não tenham interesse em usar a droga ou em sexo.

"No entanto, em pacientes selecionados, vai funcionar muito bem", disse Bradshaw. "Isso é para uma mulher de 50 anos, saudável, que tem um bom relacionamento com seu marido e quer ter relação sexual duas a três vezes por semana, mas não está se sentindo estimulada."

Os pesquisadores há muito sabem que a testosterona afeta o desejo sexual, mas determinar a dosagem correta tem sido um desafio.

Nos anos 80, as mulheres usaram os mesmos níveis encontrados nos homens. Isso estimulou sua libido, mas gerou outros problemas, disse Wierman. "As mulheres ficavam muito peludas, com voz mais grave, desenvolviam carecas tipicamente masculinas, acne e níveis de colesterol alterados", disse Wierman, que trabalha no conselho da Sociedade Endócrina.

Quando a testosterona era injetada ou implantada, havia também maior risco de comportamento agressivo ou raivoso. O Intrinsa não acrescenta testosterona; ele libera uma pequena quantia que substitui o que foi perdido pela menopausa cirúrgica, disse Johnson da Procter and Gamble.

Nos três anos do estudo, o adesivo mostrou-se seguro, disse ela.

No entanto, ainda há questões sobre o uso de longo prazo e sobre qual seria o efeito do adesivo em outras populações, já que só participaram do ensaio clínico mulheres que também tomavam estrogênio. Com a controvérsia em torno da terapia de reposição hormonal e da terapia de estrogênio após a menopausa, acredita-se que muitas mulheres não vão querer usar o adesivo, se tiverem que também tomar o estrogênio, disse Wierman. Também não se sabe se a droga tem efeitos sobre os seios.

"Acho que temos que ser cuidadosos sobre os riscos e benefícios", disse Wierman.

A Procter and Gamble estudou mulheres que entraram na menopausa naturalmente e planeja estudar as mulheres que não tomam estrogênio.

Por enquanto, disse Johnson, há poucas opções para as mulheres com esse problema, e nenhuma delas foi aprovada pelo FDA.

"Essas mulheres estão sofrendo", disse ela. "Esperamos que nossos dados forneçam esperanças de um tratamento no horizonte."




Fonte: News York Times

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