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Saúde
Quarta - 08 de Setembro de 2004 às 11:43
Por: MARIA ANGÉLICA OLIVEIRA

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Presidente de sindicato que reúne farmácias e drogarias diz que cliente deve desconfiar de descontos altos

O presidente do Sindicato do Comércio de Farmácias de Mato Grosso (Sincofarma), Ricardo Cristaldo, acredita que a atuação da quadrilha presa na quinta-feira passada com remédios abortivos seja maior. “Esse rapaz é fichinha. Ele é o pobre da história”, disse, referindo-se ao balconista Idalmo Alves de Souza, preso com seis caixas de Viagra e uma de Pramil.

Para ele, existiria uma “máfia dos remédios”. “Só existe o roubo de medicamentos porque tem farmácias comprando”, afirmou. Ricardo diz que parte das cargas de medicamentos roubados de distribuidoras vem para Mato Grosso. A venda acontece de maneira informal. “O cara chega na farmácia e oferece medicamento com 30% de desconto”, explicou.

Junto com Idalmo, a polícia também prendeu outras três pessoas: a policial civil Jucélia Arruda Faria, o agente prisional Salvador da Silva e o taxista Aparecido Meira Santos. Foram encontrados 206 comprimidos contrabandeados de Cytotec, remédio para úlcera usado como abortivo. A venda dele no país é proibida assim como o Pramil, também encontrado em poder da quadrilha, uma espécie de similar do Viagra.

Segundo Cristaldo, um dos indícios de que o remédio pode ser roubado ou falsificado é a oferta de grandes descontos nas farmácias e drogarias. “As distribuidoras não dão desconto para a venda do Viagra. Aí você vê uma farmácia dando 30% de desconto”, exemplificou. Uma caixa de Viagra com quatro comprimidos custa R$ 78,72 para o dono da farmácia e R$ 104 para o consumidor.

Todos os remédios vendidos em farmácias e drogarias, com exceção dos fitoterápicos e alguns xaropes, têm preços tabelados por uma resolução do governo federal. Existem três classificações. A chamada lista positiva permite lucro de 27% para o empresário. A lista negativa, que engloba 70% dos medicamentos vendidos, dá 24% para o dono da farmácia. A maior margem, de 30%, é da lista neutra. “Com esses percentuais, matematicamente a farmácia não tem como dar desconto, nem de 5%”, disse.

Grande parte dos roubos acontece na estrada, quando as cargas são transportadas das indústrias para as distribuidoras, a maioria delas fica fora do Estado. O Sincofarma nunca denunciou à polícia o comércio ilegal de medicamentos. Segundo o presidente do sindicato, a entidade nunca teve informações substanciais para fazer uma denúncia às autoridades.

Em Cuiabá e Várzea Grande, existem cerca de 320 farmácias e drogarias. Cerca de 20% não têm registro. “A Vigilância Sanitária e o Conselho (Conselho Regional de Farmácia) não têm estrutura para fiscalizar”, disse.




Fonte: Diário de Cuiabá

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