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Saúde
Segunda - 05 de Julho de 2004 às 08:55

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Tomar suplementos de multivitaminas pode ajudar a impedir que pessoas infectadas pelo vírus HIV desenvolvam sintomas da Aids, de acordo com uma pesquisa realizada pela Escola de Saúde Pública de Harvard, nos Estados Unidos.

O estudo foi desenvolvido ao longo de seus anos com 538 mulheres africanas soropositivas. Parte delas recebeu uma dose diária de suplementos com várias vitaminas, e outras pessoas tomaram um comprimido de placebo.

Das 267 que tomaram o placebo, 12% desenvolveram a Aids. No grupo das que tomaram os suplementos de vitaminas, 7% desenvolveram a Aids.

As que receberam a pílula de multivitaminas também sofreram menos complicações de saúde, afirmaram os pesquisadores ao New England Journal of Medicine.

Baixo custo

Segundo os autores do estudo, os suplementos podem ser administrados em soropositivos nos países em desenvolvimento para retardar o início do tratamento da Aids com drogas.

"É uma intervenção de baixo custo que pode significar uma grande economia e ajudar a muita gente em termos de qualidade de vida", acredita o doutor Wafaie Fawzi, um dos responsáveis pelo estudo.

As drogas contra a Aids têm se mostrado efetivas, mas causam efeitos colaterais.

A pesquisa foi realizada na Tanzânia, onde até recentemente drogas de combate à Aids não estavam disponíveis para a população.

Um total de 1.078 mulheres receberam ou um suplemento de multivitaminas, ou um suplemento de multivitaminas com vitamina A, ou somente vitamina A ou um placebo.

Dezoito das 271 mulheres (7%) que tomaram suplemento de vitaminas desenvolveram Aids.

Trinta e uma das 267 mulheres (12%) que tomaram placebo desenvolveram todos os sintomas da doença.

As mulheres que tomaram suplementos de vitaminas também tiveram menos complicações características dos últimos estágios da doença, tais como fadiga, diarréia e ferimentos na boca, e apresentaram concentrações mais baixas do vírus no sangue.

Os pesquisadores suspeitam que os suplementos não apenas reforçam o sistema imunológico, mas também dificultam a reprodução do vírus.

Eles constataram que não há um benefício significativo da vitamina A isoladamente, e acrescentar a vitamina A ao suplemento, de alguma forma, reduziu sua eficácia.

Fawzi disse que embora não se tenha incluído homens no estudo, provavelmente os suplementos também vão beneficiá-los.

A alta dose de suplementos de vitaminas que incluem os tipos B, C e E ultilizados no estudo custam cerca de US$ 15 por um estoque de um ano. Medicamentos para a Aids na Tanzânia custam cerca de US$ 300 por ano.

Fawzi disse que são necessárias mais pesquisas para verificar se uma dose menor de vitaminas teria o mesmo efeito e se as vitaminas ajudariam pessoas que já estão tomando medicamentos para a Aids.

"Muito positivo"

Cate Hankins, do programa das Nações Unidas para a Aids (Unaids), recebeu bem o estudo.

Ela disse à BBC: "Estes resultados são muito encorajadores e muito positivos".

"Esta é uma intervenção de relativamente baixo custo que poderia começar de imediato assim que uma pessoa descobrir que é soropositiva."

Hankins disse que o fato de suplementos de vitaminas reduzirem sintomas ligados ao vírus HIV, tais como ferimentos na boca e dificuldade ao engolir, também é importante.

Estes problemas dificultam a alimentação adequada dos portadores do vírus, em um momento em que a ingestão de calorias suficientes é mais importante do que nunca.

Hankins disse que garantir a nutrição adequada dos portadores do vírus HIV é uma questão-chave pois ela ajuda a atenuar os efeitos das drogas anti-retrovirais.




Fonte: BBC Brasil

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